Por Isabella Vasconcellos*
Você já pensou em conversar com um pão de forma no supermercado?
Aguarde, porque está chegando a hora. Você vai poder perguntar a ele quantas calorias tem em cada fatia, o seu valor nutritivo, o seu prazo de validade e outras coisas que lhe interessarem.
A Inteligência Artificial (IA) simula a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas por meio do uso da computação e da informática.
Essa ferramenta está sendo cada vez mais usada nas empresas. Segundo a Gartner, o uso da Inteligência Artificial para análise de dados deve representar um negócio de US$ 182,5 milhões no Brasil esse ano. Trata-se de uma área que só tende a crescer, já que a previsão para 2020 é a de que cerca de 85% das interações dos consumidores com as companhias e marcas serão feitas com ferramentas de IA, sem a intermediação de humanos.
A Receita Federal acaba de anunciar que utilizará essa ferramenta para acelerar o andamento de milhares de processos tributários à espera de julgamento na primeira instância administrativa.
Mas certamente existem aplicações mais divertidas do que essa. Áreas como videogames, saúde, hotelaria e indústria automobilística já aplicam essa solução em seus negócios. As empresas de telefones celulares já estão aplicando a inteligência artificial no reconhecimento de face do usuário do aparelho.
No aplicativo móvel do Bradesco, um robô responde a 11 mil perguntas de clientes por dia.
Nos supermercados, a Inteligência Artificial que é baseada em complexos algoritmos consegue traçar o perfil de compra do consumidor e seu estilo de vida para realizar ofertas direcionadas, aumentando o volume de venda.
Hoteis internacionais já utilizam robôs no atendimento ao cliente na recepção e também na entrega de pedidos nos quartos.
Na arte e diversão, a IA também está presente e de forma divertida. No Projeto “A Voz da Arte” na Pinacoteca de São Paulo, o Watson, sistema de Inteligência Artificial da IBM, já proporciona aos visitantes a interação com algumas obras de arte. Isso tornou a exposição mais atraente para o público por conta do conteúdo extra apresentado ao longo do passeio.
Dois exemplos valem ser ressaltados na visita de estudantes de escolas à Pinacoteca como parte do programa de teste do sistema pela IBM. Por meio de IA, o visitante pode perguntar ao quadro “O MESTIÇO”, de Cândido Portinari, se ele jogava futebol. O sistema respondeu que o mestiço trabalhava muito e não tinha tempo para jogar futebol. Na segunda pergunta, o estudante queria saber se “O MESTIÇO” conhecia o jogador Neymar.
A segunda obra assistida por IA foi a escultura “O PORCO”, de Nelson Leirner. Diante da obra, os estudantes fizeram algumas perguntas sobre a idade do porco, onde ele vivia e quantos quilos ele pesava. Mas o grande desafio do Watson foi responder à seguinte pergunta: “Você conhece a Peppa Pig?”. Essa resposta não estava prevista no sistema.
A Inteligência Artificial ainda tem os seus desafios ao longo do caminho de aprimoramento.
Mas, com o grande investimento e o empenho das empresas, você, consumidor, poderá em breve conversar com o pão de forma. Só não se esqueça de usar os headphones para não causar estranheza aos demais consumidores.
* Pesquisadora do Laboratório de Cidades Criativas.
Imagem: SHOWMETECH